sexta-feira, outubro 04, 2013

Reconciliação

Que meu ego me conceda a palavra, mas devo admitir que me sinto deprimido de levar essa pacata, ausente e entranha rotina “artística”.
O cursor da ferramenta de escrita fica piscando, pulando como um filhote querendo conhecer a redondeza. E por lá fica, me encarando, indagando-me a cada pestanejada, questionando com a provocativa de que para escrever, basta... escrever.
Noites ouvindo trilhas aleatórias, dissecando um ou outro texto antigo, e a bendita não me dá as caras; pediu o divórcio a ingrata, me abandonou para encontrar outro mais competente, mais criativo, mais escritor.
Se pelo menos desse o ar da graça para buscar alguns de seus pertences, como uma ou outra frase, ou um esboço de meia dúzia de ideias; mas a danada não dá as caras a um bom tempo, e com isso estrofes são abortadas, frases não chegam ao ponto final e até as palavras, que culpa não tem de nada, são abandonadas pela metade.
Isso é deprimente, mas talvez seja promissor. Pois em filmes, autobiografias e derivados, essa reclamação sobre a falta da tal é corriqueira. A busca por ela talvez seja a força motriz que faça a todos que brincam com as palavras não desistirem.
Enfim, meu endereço continua o mesmo, não mudei de telefone, você tem a chave, fique a vontade quando quiser voltar, inspiração.

quarta-feira, setembro 04, 2013

86 Bilhões de neurônios falando ao mesmo tempo.

Queria escrever versos revoltos,




Soltos,





Poucos.
Ou então, fazer um daqueles textos cabeça,
Sem pé,
Quem diria então a coitada da cabeça.
Versando,
Hora buscando,
Orando;
Por aquilo que não sei o que é,
Mas que tenho a impressão de ser um velho conhecido.
Estarrecido,
Como se as palavras corressem de mim;
Ou então,
Levassem-me ao divã,
E me questionassem o porquê de tantas linhas,
Entrelinhas em tantos assuntos paralelos.
Como se pudera eu saber,
Afinal das palavras, sei menos que as mesmas,
Que por si só se explicam.
Pior é o coitado do narrador,
Que, nem dor,
Nem amor,
Nem mesmo as concordâncias encontra em um texto assim, cabeça.

segunda-feira, junho 24, 2013

Futuro

Seremos velhos Rafaeis, Danieis, Leticias, Fernandos, Vanessas, Matheus, Natalias...
Seremos futuros velhos com nomes jovens, quase como uma profecia marcada por nossa identificação que nunca iremos envelhecer por completo.
Seremos responsáveis por ideologias, por mudanças, por sonhos que vivemos nos dias de hoje; senhores de idade com tatuagens artísticas referentes às presentes crenças; com cicatrizes de pancadaria, ou com simples problemas no pulso devido ao uso religioso do mouse.
Seremos idosos com lembranças joviais sobre os carnavais em cidades desconhecidas, com memórias de um amor colegial; seremos pessoas de idade avançada vivenciadas no erro e no acerto, com bagagens das mais alegres e politicamente corretas às mais obscuras e não aconselháveis.
Com perdão ao trava língua, seremos senhores e senhoras serenos com desvios de condutas, humanos cansados com variações repentinas nas opiniões; seremos cautelosos ao julgar atitudes estranhas e inoportunas de pessoas com idade reduzida.
Seremos velhos com bagagem de mudanças, cascudos com a vida, sem medo de redemoinhos do destino; com autoridade assinada em cartório para falar de amores, perdas, botecos e afins.
Seremos talvez eternos aspirantes ao estrelato sonhado, seremos em nosso interior tudo que sempre sonhamos em nossa mocidade, com o fogo ardente do sonho queimando todas os esquecimentos, reumatismos e disfunções.
Seremos talvez um capítulo perdido na história ou então a capa de um novo livro...

Texto esquecido nos rascunhos... saudade da inspiração.