segunda-feira, janeiro 19, 2015

Julia e Matheus - Ressaca Compartilhada.

O roteiro era sempre o mesmo, nos finais de semana Matheus fazia peregrinação pelos bares da cidade, Julia era escudeira fiel... Não largava a mão do namorado, muito menos o copo.
Ele definitivamente bebia mais que ela, e isso a incomodava. Para Matheus ficar bêbado nos finais de semana não era algo errado, ou imoral... Para ele o álcool era apenas sedativo para aliviar a dor da ultima porrada da vida.
Julia nunca foi do tipo delicada... A exceção era na tpm, que chorava assistindo comerciais de televisão e logo após ligava para Matheus querendo saber se ele estava feliz com o namoro e tudo mais, tudo muito dramático, tudo muito “não-Julia”.
Algumas vezes ela encasquetava que beberia mais que ele... aí em vez de um caído, eram dois nas calçadas. Matheus ficava nervoso, porém quando via Julia rindo e tropeçando não segurava o riso e esquecia qualquer incomodo.
Nessas noites o sexo era adiado, é claro, por conta de Matheus, que não conseguia dar mais de dois beijos com os olhos fechados.
Tudo rodava, e no final, ele rodava; afinal, quando Julia quer... Julia consegue.
O dia seguinte era de cumplicidade, eles revezavam em quem buscaria o próximo copo d'água, traziam remédios, e foi perdida a conta de quantas vezes Matheus segurou o cabelo de Julia para ela colocar pra fora os resquícios da noite anterior.
Eles eram assim, como dois adolescentes disputando quem chegaria primeiro ao final do copo.
Irresponsáveis ao ponto de "morrerem" separados na loucura de uma noite, para renascerem juntos na calmaria de uma vida.

terça-feira, janeiro 13, 2015

Matheus e Julia.

Matheus puxava a toalha enquanto almoçava, não era proposital, seus cotovelos cresceram entendendo que em cima da mesa era o lugar certo de se estar.
Julia não tinha cabeça para nada. Sua fatura era sua maneira de viver perigosamente; não era simpática com desconhecidos. Gostava de tatuagens, odiava agulhas; vivia em constante paradoxo. Em sua playlist tocava Ray, Originais do samba, Raul, Ponto de equilíbrio e funk. Ela sabia que não era normal, às vezes até pensava sobre isso, e ao final, gostava. Era a descabeçada da família, e apesar de tudo não se conformava com Matheus puxando sua toalha no café da manhã.
Matheus dormia mais que Julia, mesmo ela dormindo muito. Ele era meio preguiçoso, às vezes fingia o sono para não ter que fazer o café. Era um rapaz bem apessoado, na maior parte do tempo era cafajeste... perto dela era carinhoso e idiota.
Ele geralmente chegava na cozinha e encontrava Julia de costas, descalça e com uma camiseta sua.
Julia tinha o dom de sempre escolher as camisetas preferidas de Matheus para dormir.
Isso já rendeu brigas, mas nada pode ser feito, ela gostava de dormir assim, e ele gostava de vê-la dormir.
Julia obrigava Matheus a te acompanhar na feira todos os sábados. Geralmente não compravam mais que três tomates, algumas batatas, chupavam umas uvas... Compravam um pastel, Julia só gostava da massa, e Matheus não reclamava de comer o recheio. A feira era rotina, e eles gostavam disso, faziam se sentir casados, apesar de serem apenas namorados e ele só dormir na casa dela de quinta a domingo.
Brigavam uma vez por semana, parecia que eles deixavam anotado no calendário, pra não correr o risco de esquecerem. Por tudo e por nada, o refrigerante comprado, a curtida na foto, a troca de canal, a camiseta que do Matheus que Julia dormiu noite passada e o roubo da toalha devido aos cotovelos na mesa de Matheus.
Não tinham nada de mais, nem de menos.
Sem declarações, eles se amavam no bom dia, no selinho demorado antes de ir trabalhar, na brincadeira assistindo televisão...
Não acreditavam em para sempre. Acreditavam no agora, acreditavam neles.
Afinal os dois não nasceram pra ficar juntos...
Mas por sorte,
não avisaram isso a eles.

terça-feira, janeiro 06, 2015

Um Sorriso, Um Tombo.

O problema é o sorriso!
As outras partes também me atrapalham,
mas o sorriso...
Esse, meu amigo,
me derruba.
Pra piorar,
ela faz algo estranho,
não sei explicar o que é...
Se não bastasse a boca,
seus olhos sorriem também.
Por sua causa,
talvez,
tenha entendido Machado:
“Olhos de ressaca? Vá, de ressaca.”
Afinal,
ali,
o sorriso vem de dentro
e arrebata.
Como o mar,
que puxa,
suga,
e te inunda
de calma.
De alma.
Um piscar
e pronto,
é dela.
Fico pensando comigo,
que esses atributos
talvez,
não sejam um problema constante;
Talvez sejam problemáticos
apenas quando cruzam comigo...
Porque aí,
meu amigo,
é chão.
E de lá não saio cedo,
não por não conseguir,
mas por não querer levantar.
Não querer acordar.
Só querer
olhar
e sorrir.