O roteiro era sempre o mesmo, nos finais de semana Matheus
fazia peregrinação pelos bares da cidade, Julia era escudeira fiel... Não
largava a mão do namorado, muito menos o copo.
Ele definitivamente bebia mais que ela, e isso a incomodava.
Para Matheus ficar bêbado nos finais de semana não era algo errado, ou
imoral... Para ele o álcool era apenas sedativo para aliviar a dor da ultima
porrada da vida.
Julia nunca foi do tipo delicada... A exceção era na tpm,
que chorava assistindo comerciais de televisão e logo após ligava para Matheus
querendo saber se ele estava feliz com o namoro e tudo mais, tudo muito
dramático, tudo muito “não-Julia”.
Algumas vezes ela encasquetava que beberia mais que
ele... aí em vez de um caído, eram dois nas calçadas. Matheus ficava nervoso,
porém quando via Julia rindo e tropeçando não segurava o riso e esquecia
qualquer incomodo.
Nessas noites o sexo era adiado, é claro, por conta de
Matheus, que não conseguia dar mais de dois beijos com os olhos fechados.
Tudo rodava, e no final, ele rodava; afinal, quando Julia
quer... Julia consegue.
O dia seguinte era de cumplicidade, eles revezavam em quem
buscaria o próximo copo d'água, traziam remédios, e foi perdida a conta de
quantas vezes Matheus segurou o cabelo de Julia para ela colocar pra fora os
resquícios da noite anterior.
Eles eram assim, como dois adolescentes disputando quem
chegaria primeiro ao final do copo.
Irresponsáveis ao ponto de "morrerem" separados na loucura de uma noite, para renascerem juntos na calmaria de uma
vida.