Que meu ego me conceda a palavra, mas devo admitir
que me sinto deprimido de levar essa pacata, ausente e entranha rotina “artística”.
O cursor da ferramenta de escrita fica piscando, pulando
como um filhote querendo conhecer a redondeza. E por lá fica, me encarando, indagando-me
a cada pestanejada, questionando com a provocativa de que para escrever, basta...
escrever.
Noites ouvindo trilhas aleatórias, dissecando um ou outro
texto antigo, e a bendita não me dá as caras; pediu o divórcio a ingrata, me abandonou para encontrar outro mais competente, mais criativo, mais
escritor.
Se pelo menos desse o ar da graça para buscar alguns de seus
pertences, como uma ou outra frase, ou um esboço de meia dúzia de ideias; mas a
danada não dá as caras a um bom tempo, e com isso estrofes são abortadas,
frases não chegam ao ponto final e até as palavras, que culpa não tem de nada,
são abandonadas pela metade.
Isso é deprimente, mas talvez seja promissor. Pois em
filmes, autobiografias e derivados, essa reclamação sobre a falta da tal é
corriqueira. A busca por ela talvez seja a força motriz que faça a todos que
brincam com as palavras não desistirem.
Enfim, meu endereço continua o mesmo, não mudei de telefone,
você tem a chave, fique a vontade quando quiser voltar, inspiração.