quinta-feira, junho 11, 2015

Matheus e Julia - Quarta-feira 07:36

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...
O leite havia acabado e Julia deixou o canecão vazio na geladeira.
Deixou a toalha pendurada na porta do guarda roupas, estava atrasada para ir trabalhar... entrava as 7h, Matheus só as 8h.
Ele gostava de espia-la se trocando. Entre as frestas dos olhos, camuflado nas cobertas.
Gostava de vê-la natural, só de calcinha shortinho, preta, simples; andando apressada entre o quarto e o banheiro. Olhando no celular, procurando a sapatilha, com a toalha enrolada na cabeça.
Matheus tinha uma fascinação pela rotina com Julia.
Pela pele sem maquiagem.
Era apaixonado pelo primeiro beijo do dia. Bom dia!
Acordava muitas vezes com as perguntas de Julia; ela tinha o dom de esconder tudo que colocava as mãos, nem a própria entendia como era possível. Era de praxe colocar a bolsa do em cima da cabeça coberta de Matheus, e pedir com um carinho nem tão carinhoso, que ele achasse a chave do carro.
Enquanto isso, ela se dividia entre secar o cabelo e responder as mensagens do whatsapp.
Ele era bom de encontrar as coisas.
Mesmo quando ela se perdia, ele sempre a achava.
Julia gostava disso em Matheus.
Se sentia segura.

Pra ela, ele era mais que ancora,
era ancoradouro.

quarta-feira, junho 03, 2015

Matheus e Julia - Quinta-feira 22h47.

A noite não era das melhores, haviam discutido um pouco antes das 21h.
Na sacada fria via a cidade de cima, as luzes dos carros desaparecendo na rotina caótica da cidade apressada. Fumava devagar, tragava como se beijasse Julia. Sabia que esse era o único beijo que teria por um tempo.
Fumava e pensava que a maconha havia acabado, e aquele era seu ultimo baseado.
Isso o deixava ainda mais irritado com aquela noite, mesmo sabendo que a mesma não tinha nada com isso, afinal, fora ele quem complicou o entardecer.
Decidiu descer, pegar a bicicleta e ir repor seu estoque.
Decidiu desistir dessa ideia.
Estava frio, a bicicleta estava com o pneu murcho... e principalmente, sabia que Julia não fumaria com ele.
Ficou ali na sacada, olhando as rotinas passarem por sua retina, todas com historias que jamais serão contadas. Ali, no anonimato, junto às estrelas e ao mini-cacto que compunha a decoração da sacada.
Coisa de Julia o cacto, gostava de plantas. Tinha preguiça de cuidar delas. O cacto mesmo, coitado, seco e cansado, não via agua há umas duas semanas.
Matheus não mais lembrava sobre o que tinha sido a briga, só lembra que disse coisas que não queria.
Ele é assim, impulso.
Enquanto isso, Julia já esta no quarto assistindo televisão.
Hoje não terá beijo de boa noite, muito menos um baseado antes de dormir.

A lágrima que escorria no rosto dela, doía no peito dele.