sexta-feira, outubro 24, 2014

Meu coração é retirante.

Meu coração,
retirante de amor,
sonha com outro
para chamar de pátria.
Sonha ser imigrante
em solo de esperança,
trazendo consigo
um horizonte
cravejado de sentimentos bons.
E nesse sonho ensolarado,
os calos já são companheiros;
Mas entre eles,
ou
o sertão estrelado da solidão,
a vida se encarrega
dos primeiros socorros,
e da paixão
faz-se curativo.
E continua a andança,
atrás daquela sombra
sonhada por todos,
vista por muitos,
e sentida por poucos,
chamada

amor.

sexta-feira, agosto 29, 2014

Receituário

Aqui é pedrada,
vício,
é tapa,
cara,
coração.
É palavra,
que sozinha
grita.
Engasgada
sufoca.
E nesse cenário,
pra evitar o obituário,
o receituário
é literário.
Mas então que seja tarja preta,
e o doutor,
até que tentou medicar:
Repouso,
e
uma poesia por dia.
Porém,
mal sabia ele,
que a cura
também é o vicio.

sexta-feira, agosto 22, 2014

Errando no acerto.

Da vida de regras,
desregro-me.
E no inquérito?
Culpado.
Crime?
Viver sem culpa.
E de arrependimentos?
Uma lista.
Pronta a aumentar,
no aguardo do erro.
E acertando para os outros,
É que vou errando comigo;
porém
errando na vida,
é que eu vou
me acertando.
Tudo por causa do suposto erro.
Qual?
O de achar que erro é erro.
Certo é certo.
Mas o julgamento,
Não temo.
Afinal,
de certo e errado,
juiz mesmo só conheço Um,
de resto,
são meros advogados
da vida alheia.
E no julgamento deles?
Errado
e
culpado novamente.
Mas disso não me esquento,
pois de meus erros,
cuido eu.
E dos acertos,
cuida a vida.

quarta-feira, agosto 13, 2014

O batom de Clara.

Clara se despedia sempre com um beijo gelado do frio e quente do café, enquanto Julio ainda se espreguiçava na cama, se enrolando nas cobertas pedindo mais cinco minutos.
Porém, ao ouvir a porta do velho apartamento se fechando, levantava, esfregava e preparava os olhos, colocava o café no copo, dois ou três pingos de leite, e se arrastava até a sacada.
De lá, esperava Clara cumprimentar o porteiro, sair para a rua, e então gritava:
Booooooom diiia minha princesa! Eu te amo!
Lá embaixo, em meio às árvores verdinhas, e o chuvisco fino, ela olhava para cima, como se agradecesse ao amado e também a Deus, por ter encontrado um louco que berrava por ela do 7º andar em plena quinta feira cinzenta.
O casal se conheceu em uma noite gelada, era agosto e nos meios de todos aqueles casacos e cachecóis, Julio que caminhava para casa da mãe após a aula, viu Clara saindo da reitoria da faculdade. As vestimentas escondiam quase tudo, menos o batom rosa, que demarcava meticulosamente os lábios finos, ressaltando-os em meio aquela pele branquinha e angelical.
Aquele rosa não saia de sua cabeça, e por amigos em comum, a vida os apresentou. Bastou um encontro para se apaixonarem.
Era mais um dia comum, sem se quer um fato atípico, tudo nas ordens, a mesma rotina de todos sempre; a não ser pelo fato de que Clara não se despediu do porteiro, tão pouco chegou a rua.
Julio procurava na rua, tentando entender como não vira sua noiva saindo do lento portão eletrônico, com aquele “eu te amo” corriqueiro engasgado na garganta, querendo sair, querendo gritar.
Ao esperar por 10 minutos, saiu lentamente da sacada arrastando as meias e os chinelos, encafifado com o fato incomum daquela manhã. Mal sabia Julio, que de todos os fatos, aquele seria a menor das estranhezas do dia, da semana, do mês e do resto de uma vida.
Clara ao descer, sentiu a vida evadir-se.
E após o primeiro passo para fora do elevador, caiu. Sem explicação, receituário ou aviso prévio. A vida a deixou, levando de supetão seus planos, medos e carnês de crediários.
Os últimos suspiros nem foram dados, as ultimas energias, aquele derradeiro sopro de vida serviram para um último ato.
O interfone tocou manso, como se quisesse avisar a chegada de alguma encomenda, ou algum recado do sindico... mas era o porteiro, mal conseguindo respirar e falar ao mesmo tempo. Seu sotaque esquecido foi se misturando com as gírias usadas no cotidiano, fazendo de uma frase quase uma charada.
Julio ouviu uma coisa em meio aquele turbilhão de palavras: Dona Clara.
A caneca escorregou da mão, encontrando o chão de quina, fazendo do mesmo um quebra-cabeça de louça velha e desenhada.
O elevador chegou quando Julio trombou com a porta da escada, ouvindo a porta lenta se abrindo, voltou e quase em um tapa apertou o térreo.
Ao chegar, enquanto a fresta da porta se abria lentamente, ele se estreitava tentando escorregar por entre ela; foi quando viu o irremediável.
Vendo Clara deitada, sabia que ela não estava mais ali, conhecia a futura esposa... sua Clara.
Restou para ele o ultimo abraço, molhou o rosto de sua amada com suas lágrimas, o beijo foi como aquele que recebia religiosamente todas as manhãs. Na mão cerrada de Clara, estava o último ato, o velho batom já acabado, aquele rosa, que ficava no fundo da bolsa, aquele pelo qual eles se conheceram.
Foi como se ao deparar-se com o fim, ela adormeceu lembrando o começo, o começo de sua vida: aquela noite fria em que conheceu o seu amor.

sexta-feira, julho 25, 2014

Resquícios.

O perfume acabou,
e no frasco,
só restou um pingo
da lembrança.
E aquela fotografia,
guardada em uma pasta esquecida,
que traz consigo uma vida;
que agora,
tão distante,
parece desconhecida.
E o abraço,
daqueles braços - na época -
insubstituíveis;
trazem ao peito,
até hoje,
aquele mesmo aperto,
mas sem ser abraçado.
E daí vem a música,
tocando baixo,
dentro do coração,
trazendo de volta,
toda aquela trilha sonora,
de um filme particular
e tantas vezes assistido.
E então,
o sorriso,
ou a lágrima,
Surgem para te lembrar:
Que tudo aquilo,
foi verdade.
Mas que hoje,
São apenas lembranças,
E um tanto de saudade.

segunda-feira, julho 21, 2014

Mais é menos.

Aqueles que muito amam,
do amor desconhecem ao todo.
Com um suspiro,
meia dúzia de palavras,
e uma noite,
Juram eternidades,
que por fim,
Findam.
E aqueles,
que mesmo sem conhecer,
o próprio coração,
se entregam sem temer.
E sem saber,
amam.
E por fim,
a peça se resume ao ato:
Os de muitos amores,
Sobrevivem pela busca.
E os de poucos,
nem que uma única vez,

vivem.

sexta-feira, julho 18, 2014

Se loco!

Utópicos,
revoltados com tudo que não lhe foi dado,
e nem tirado.
E de seus telescópios,
enxergam com facilidade a dor alheia,
porém desconhecida e esquecida.
E de tantos tópicos,
o discurso ficou surrado;
E o orador?
Saiu ileso e hipócrita.
E com a precisão de um microscópio,
a próxima palavra foi escolhida,
Mas não dita.
Não d...
E do alto da loucura de seus psicotrópicos,
os filantrópicos,
choram amores,
aos amores,
que não podem amar.

segunda-feira, julho 14, 2014

Mais um sobre a copa.

Não sou formador de opiniões,
e te garanto, respeito muito sua!
Mas ela não vai mudar a minha.

Então, lá vai.
Mais um texto de copa.
E pra revolta pública, esse é falando bem.

Do primeiro apito,
ao ultimo,
eu estive aqui.
Acredito que fiz minha parte torcendo;
e que simplesmente virar as costas para esse evento,
e continuar fazendo merda em outubro,
não faz nenhuma diferença.
Então lá estava,
mais um torcedor.
Sem nome,
status,
ou diferenças.
De coração,
cordas vocais,
cara,
e barba descolorida.
Tudo pela seléça.
Abraçado no escapulário,
como se fosse terço,
Torcendo.
Mas não deu.
Se eu me arrependo?
De abraçar desconhecidos na hora do gol,
e me esquecer das divisões impostas pela sociedade?
De cantar o hino em uma só voz, sentindo o coração rebombar no peito?
De me sentir um pouco orgulhoso de um país que tanto nos decepciona?
De me encontrar com amigos e gravar julho na memória pra vida toda?
Me arrependo não viu,
A sexta estrela não veio,
Porém o sexto mês de 2014,
Foi incrível,
E inesquecível.

sexta-feira, julho 04, 2014

Fotografia dos olhos.

E o sorriso se tornou eterno,
os dentes deixaram de ser apenas dentes.
Olhos se tornaram mais que retinas,
e pupilas,
e íris,
e pálpebras,
se tornaram mais que cristalino.
A vida tirou uma foto para eternidade,
e lá estava sua alma,
feliz consigo mesma,
leve e sorridente.
Decretando ali,

que o melhor sorriso é aquele que vem de dentro.

quarta-feira, julho 02, 2014

Rotina sem rima.

Da pressa,
de amor,
e de vida;
rima,
para qual não se tem.
Palavra que se cala,
antes de ser dita,
e bagunça,
mas confuso,
aceito.
E minto.
E aceito novamente.
Querendo acreditar,
sonhando.
Acreditando não sonhar,
querendo.
Como se fosse possível,
igual a rima,
que não se tem.
Só de palavra,
afinal,
no final,
é que se vale o esforço.
De pensar,
de amar,

de sonhar.

segunda-feira, junho 09, 2014

Eterno paradoxo.

É tudo uma questão de perspectiva, de como o quadro da vida é interpretado. Tudo como nada e vice versa, dependendo de suas expectativas.

É até uma questão dos olhos, como se pudéssemos troca-los em cada fase do caminho para enxergar cada coisa como manda a nossa razão, como se pudéssemos encanta-los com um colírio manipulado; ou se o ditado se fizesse verdade, e ao fechar das pálpebras o coração descansasse em paz.

É como ouvir a trilha sonora perfeita, em um filme que não lhe agrada, a desilusão de alcançar as nuvens e perceber que no final é apenas algodão. É o tal do platônico apresentando cpf e rg, a pequena rachadura na estátua de Afrodite; é o bom se tornando apenas suficiente.

É aquele velho e eterno paradoxo de querer o que não se tem, e ter o que não se quer.

quinta-feira, junho 05, 2014

Carta aos que se dizem Vossa Excelência.

A minha carta está endereçada ao Senhor (a). Não disfarce, crie coragem e honre ao menos essa qualidade de seu povo.

Já lhe enviei outras cartas referentes aos problemas mais importantes, coisas que necessitam mais de sua prezada atenção; porém para “surpresa” da nação, nada foi melhorado, se quer mudado ou analisado.

Então hoje venho aqui acrescentar ao seu currículo o feito mais “importante” de sua carreira, fato inédito, e até pouco tempo julgado como impossível por todos os cidadãos desse país.

O Senhor (a) e seus colegas de cafezinho conseguiram fazer o povo mais apaixonado por futebol, o odiar; e isso, como tantas outras coisas de seu governo, é inaceitável.

Leia atentamente seu/sua diplomata de meia tigela; o começo está truculento, a raiva pode nos embaçar um pouco a visão e fazer com que percamos o foco, descarregando em cima da bola e da amarelinha nossas indignações com tudo que sofremos nessa caótica realidade brasileira. Mas (perdoe-me pelo clichê) nós já acordamos... e os jogos serão apenas um cochilo com um sonho bom, descansando-nos, para um novo despertar ainda mais “sangue nos olhos” que o Senhor possa imaginar.

Afinal, a bola corre dentro de nossas veias, pulsa junto com os corações cansados, e está pintada em verde e amarelo no rosto de cada batalhador; assim como a vontade por um país melhor!

A Vossa Senhoria vai pagar por todo esse descaso que vivenciamos dia após dia; e de quebra, vai se arrepender de tentar acabar com a pátria de chuteiras.

Caro corrupto (a), mesmo que venha a 6ª estrela da Seleção Canarinho em julho, o jogo da sua vida será dia 5 de outubro... e esse você vai perder.

quinta-feira, maio 22, 2014

Em tempo de Selfie’s, quem olha pra dentro é bonito de verdade.

Em tempo de Selfie’s, quem olha pra dentro é bonito de verdade.

Longe de mim querer criticar auto retratos, não sou tão adepto, porém não julgo quem os faz... o que me intriga é a exaltação do exterior, enquanto o interior de alguns, definha, empobrece e morre.

Enquanto os dias forem medidos por visualizações ou curtidas, a vida será uma mentira cibernética, trazendo uma aceitação falsa, amigos de uma vida inteira por cinco minutos e relacionamentos plásticos e perecíveis de instagram.

A busca pela interiorização deve partir de cada um; buscando pelo silêncio de dentro de seu eu mais profundo, valorizando cada experiência mínima vivida em uma quinta-feira preguiçosa, aprendendo a cada palavra dita, ou melhor, não dita.

Valorizando o interior e enaltecendo o conteúdo, vendando-se para aparências que nos são apresentadas dia após dia.

Acredite, o seu lado mais bonito, pode não ser o direito ou o esquerdo... pode ser o lado de dentro.

terça-feira, abril 22, 2014

Sentimento.

Com o tempo vamos aprendendo com os erros, tropeçando menos na ansiedade, caindo um pouco mais protegidos.

Um sentimento em particular passa a ser algo imaculado, algo fora do comum, some do nosso vocabulário corriqueiro; transforma-se em uma coisa mais forte que a palavra, torna-se vida.

A vida se baseia na espera do tal sentimento; de promessas muitos vivem, de anseios, de esperança por um futuro que não existe. A história é repetitiva e tão fácil de ser interpretada, que é possível vê-la numa simples troca de olhares, num gesto, carinho ou apelido.

Atire a primeira pedra quem nunca subestimou a força dessa palavra, quem nunca a disse trivialmente ou pior, viveu a tal, porém com a pessoa errada.

Entretanto, como disse anteriormente, o tempo nos ensina e nos transforma; a expressão toma corpo, nosso coração caleja-se, e no final SENTE-SE o real significado dessa, que extrapola quaisquer significados plausíveis, qualquer definição ‘aurélistica’, qualquer anseio de explicação cabível.

É a razão de tudo, escrito por 4 letras e uma eternidade de vida.

quarta-feira, abril 09, 2014

E pras pessoas de bem? Nada.

A hipocrisia é um mal que assola a todos em seu âmago, trazendo consigo inverdades e falatório.

Uma ideia mal lapidada sobre direitos que superam quaisquer deveres! Direitos impostos sorrateiramente por uma mídia manipulada, que fazem "reaças" da classe A e B, se revirarem em frente ao seu Iphone 5s, enquanto debatem sobre a desigualdade em nossa sociedade.

São defensores protegidos atrás de cercas elétricas e idealismos, que acreditam em direitos humanos até quando lhe forem convenientes.

A ferida é a tal da hipocrisia, justificando a retirada de uma vida, pelo descaso em nossa gestão governamental em todos os setores da nação. Esquecendo a outra parte da historia, que travava não a mesma, mas ainda batalhava dia após dia, para sobreviver nessa selvageria atual.

Longe de defender as cegas, atos de barbárie; porém o que causa revolta é a manipulação, omissão ou pior, a isenção dos atos criminosos antecedentes que (com falta da palavra mais adequada) “justificam” as reações impensadas que vem se tornando corriqueiras nas ações de bandidos.

A discussão é mais ampla e as mudanças NÃO ACONTECERÃO com espancamentos e chacinas; o texto não é solução para o caos vivido, é somente a demonstração que a reação é sempre originada por uma ação, e que a partir de um ato equivocado, é plausível uma resposta equivocada.


Deixe essa bandeira utópica e me responda ao simples, porém pertinente questionamento: Onde estão os direitos humanos das pessoas... de bem?

sábado, março 29, 2014

Vida com vida própria.

Como pudera tamanha insolência, pensar que da vida decidimos tudo. Tão volátil como água, ela vai se escorrendo pelos minutos de nosso dia a dia; deixando a límpida impressão de controle em nossas mãos e nos tirando pra dançar uma valsa caótica por vez.

Da vida quem sabe é ela, a própria! E Deus. Porém Ele nos conhece, sabe qual será a próxima folha a cair e qual o próximo amor que quase nos levará ao suicídio. Então, como um avô, não nos protege de tudo, mas sussurra nos ouvidos da vida: “Deixe que caia, no final eu sei que ele vai se levantar e cair de novo”.

O que sabemos da vida é o quanto sabemos de nós mesmos, boiando como um iceberg de felicidades visíveis e lamentações submersas. Exaltamos maturidade, mas não nos damos ao luxo de nos auto criticar; seria engraçado, se não fosse hipócrita.

Entretanto nos foi dada a dádiva, façamos bom uso, vivamos nossos sonhos, e se no final as coisas não saírem do jeito que sonhamos, não nos esqueçamos; essa é a vida, ditando sempre as regras do jogo.

terça-feira, março 25, 2014

Calendário.

Marque sua vida pelos dentes a mostra, esqueça esses numerais propostos e arrogantes; eles estão sempre aí, lembrando sempre seu tempo, mostrando o irrecuperável, o futuro e o que acabou de passar pela sua frente.

Inunde seu coração de sorrisos e abraços, e as lembranças acariciarão a saudade e o que passou será riso, profundo, singelo e eterno.

Melhor que lembranças de dias, são lembranças de sorrisos.

sexta-feira, janeiro 10, 2014

Estrada sinuosa da vida

Feliz aquele que o coração não conhece a dor, em que a vida não esteja calejada. Contente com pouco, livre de fardos e remorsos.
A historia de que o crescimento vem da dor é verídica, porém é um remédio que incomoda, arde, dói e dói e dói.
De palavras tenho me abstido, busco olhares, sensações e solidão. Talvez essas poucas que escorrem sejam as únicas no cano de minhas ideias; que com preguiça não faz chover inspiração no deserto pessoal que atravesso.
Se houvesse um cacto de onde tirar água, se essa matasse minha sede... porém ela é turva e nada agradável. É quase como uma piada de mau gosto ou uma ofensa, que aparece para me afogar em 2 cm de lágrimas.
A música é interminável, que toca e toca e toca e toca; quase como um soneto para os anjos que me rodeiam a todo tempo. O silêncio talvez os agrade, traga cada um deles pra perto, sentado em cada fio de alta tensão numa rua velha, desgastada, com cheiro de chuva e traços de infância.
O coração é apertado pelos ossos, a cartilagem o sufoca como uma mãe super protetora; marinado no álcool ele perdeu sua bússola e sua ancora. Seu ancoradouro não tem profundidade, uma poça talvez já de conta do serviço.
Esse quilômetro tem sido turbulento, os postes de iluminação não ajudam; e de trevas eu vou tropeçando, caindo as escondidas, levantando aos trancos, esquecendo com os copos, vivendo assim.
E a dor?! É invisível até aos olhos dos próximos; ela vive aqui, no canto, quieta; mordendo a felicidade.

Mordendo pouco, mas ainda mordendo.